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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

MAINE, verde e azul

Maine situa-se no extremo nordeste dos Estados Unidos, fazendo fronteira com o Canadá, portanto com temperaturas inclementes em boa parte do ano. Diria que é como uma flor que hiberna no inverno para nascer esplendorosa na  primavera e durar todo o verão.
As flores do verão
Este Estado é conhecido como "The Pine Tree State", devido a 90% do território estar coberto com pinheiros, portanto líder nacional da industria madeireira. 
Aqui é a natureza que é a protagonista, com um respeito ecológico imperativo.
Tem uma frente oceânica considerável com numerosas ilhas refugio onde os amantes da solidão têm as suas casas. Sim a atmosfera é de reflexão, de comunhão natural com a terra e com o mar. 
Os pescadores de lagostas também sabem transformar o seu sabor com carinho, arte e... tempo. A gastronomia é uma das atrações turísticas desta zona.
O lema é "do mar e da terra para a mesa" (quem diria!?). 
Prato devidamente empratado
Fabricam cervejas artesanais combinando ingredientes locais, criando a "blueberry moonshine" para acompanhar o marisco e para saber apreciar o momento.
O tempo corre de acordo com as sensações, sem pressão externa.

Pássaros conversando
Pássaro a pousar


Os pássaros, fazem parte da população residente e não fogem, marcaram o território e gostam de pousar para a fotografia.
Caminho de farol com procissão de pássaros

Farol



















Os faróis remetem-me para filmes de tempestades, têm uma beleza que só aqui descobri, são muitos, cada um com a sua arquitetura. 
Os passos em praias desertas levam-nos às rochas e a tentar a sorte das pedras empilhadas.
As pedras da minha sorte
Os bancos para contemplar e deixar-se estar, convidam-nos, embora cada um tenha o seu dono gravado nas costas.
O banco...
Diria que, quem foge para aqui aprecia o exclusivo, a privacidade e fazer parte de uma comunidade com comunhão de ideais.Conhecem-se, cumprimentam-se e partilham a vida quando lhes apetece.
Casas primorosamente tratadas
Alguns casam-se na praia, em louvor à mãe natureza que os irá proteger.
Casamento ao anoitecer à beira mar, sem artifícios
Se fosse poeta, tinha matéria para poema, como teve Vinicius de Moraes quando passou por aqui com saudades da pátria:

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…
Excerto de Pátria Minha


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

NEW BEDFORD madeirense

Quando se visita New Bedford, no Estado do Massachusetts, cidade à beira mar, a sensação que se tem é que pelo menos uma parte foi culturalmente ocupada por portugueses, sobretudo ilhéus madeirenses, que têm dificuldade em viver no interior.



Transportaram os seus costumes, recordações, trajes regionais para o Museum Madeiran of Heritage para que as gerações seguintes conheçam a sua cultura e se orgulhem dela.



Trouxeram também os velhos brinquedos que fizeram parte da sua infância, "a lapinha" que não tinha a pré fabricada árvore de Natal.


Presépio madeirense
Brinquedo artesanal

Os madeirenses organizam festas, promovem Portugal de uma forma tão efusiva, sentida e nacionalista que "levam" todos nessa alegria que lhes é própria e que os ajuda a enfrentar as dificuldades neste país distante.
Casa de Santana no recinto das festas
A comunidade ajuda-se, apoia-se, reúne-se e forma uma grande família com nacionalismos ostentados em três bandeiras: Americana, Portuguesa e Madeirense. 
Bandeiras
São estandartes de culto, de pertença, fazem parte das suas culturas: americana por reconhecimento, portuguesa por nacionalidade e madeirense por berço.

Supermercado português 


Comem português, com alimentos que importam, confecionados em utensílios originais e claro, o imortal bacalhau vende-se sempre.
Ocuparam também a rua e deram a conhecer a arte das pedras que todos admiram certamente.

Rua calcetada à portuguesa
Cruz de Cristo madeirense
Artista madeirense a fazer a calçada de calhau
O fado comove, Max fez rir, a loura do rancho da Camacha pôs a dançar os tímidos e "arrancou" aplausos sentidos que encheram as "baterias" para o dia a dia da conquista do dóllar. 
Esta geração que conheci está dividida entre os filhos que ficam e falam inglês e o coração que quer voltar, mas há muitas raízes aqui... 
Homenagem aos que partiram no pavimento do Museu

  

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

NEW YORK - Liberdade

A silhueta de Nova Iorque não deixa ver a linha do horizonte. Quando se olha ao longe, de barco, a cidade dá liberdade para pensar e sentir, como que voasse-mos de uma gaiola dourada rumo à descoberta. A sensação é boa, finalmente o céu mostra-se e combina-se com a água.
Vistas de Nova Iorque a partir do Rio Hudson


Mas quando os emigrantes chegaram da Europa (1892 -1954) o seu sentimento era obviamente o contrário. Vinham à procura de uma oportunidade na cidade que lhes daria a liberdade para viver com dignidade e respeito pelos seus credos. Também vinham de barco, depois de uma penosa viagem e quando chegavam teriam que ser aprovados na inspeção sanitária na Ilha Ellis. Hoje é visitável e é uma homenagem a esta geração de emigrantes corajosa e lutadora.
Ilha Ellis
Famílias inteiras construíram pontes, edifícios e desbravaram terras no Far West . Esta história também é protagonizada por portugueses, sobretudo dos Açores, habituados ao mar e às dificuldades.
Trabalhadores a descansar na hora do almoço!
Ponte de Brooklyn
Ao longe, no fim da viagem, viram um estátua feminina chamada Liberdade.


Estátua da Liberdade
Imagino que se tenham emocionado, ou talvez não, só depois é que souberam o que a estátua lhes dizia: "Venham a mim as multidões exaustas, pobres e confusas ansiosas pela liberdade. Venham a mim os desabrigados, os que estão sob a tempestade... Eu guio-os com a minha tocha." Emma Lazarus

A estátua da Liberdade foi um tributo de França aos americanos, como reconhecimento do apoio ideológico dado pelos princípios consignados na Declaração de Independência de 1776 à sua revolução em 1789. Outra versão é uma homenagem à vitória dos abolicionistas na Guerra Civil Americana que a França ajudou a vencer. O significado é sempre Liberdade.
Em 1886, milhares de pessoas acompanharam a inauguração do monumento da autoria de Bartholli, maçon, que deixou os símbolos na tocha, no livro segurado na mão esquerda e no diadema de sete espigões na cabeça.

Hoje é um dos símbolos da América, "A liberdade iluminando o mundo" pelo menos pretende-se dar essa imagem, porque os tempos adquirem significados novos, dados pelas revolução tecnológica e não só.

NEW YORK - Manhattan

Manhattan é uma ilha com vários espetáculos a decorrer ao mesmo tempo. Tem um cenário gigantesco com neons de formas e cores diferentes, sobrepostos, misturados, que se intercetam tentam arranjar lugar, mas não encontram, o espaço está cheio. Os prédios crescem em alturas gigantescas, apertados a medir a altura de cada um.
Quando se olha para cima em Manhattan, a sensação que se tem é que os “charutos” se estão a tocar. A luz, no dia de sol em que visitei o coração da cidade estava coada pelas cortinas dos prédios. De vez em quando aparecia um raio de sol para desaparecer novamente.
O céu de Nova Iorque
A vibração sente-se: no trânsito constante com os célebres táxis amarelos, com as pessoas apressadas, stressadas, com uma mão segurando um copo grande de café, chupado com uma palhinha e na outra o inevitável telemóvel para comunicar sempre.
Taxi amarelo
Mas Nova Iorque não foi sempre assim. Era povoada por tribos indígenas, os primeiros americanos, num estádio cultural da Idade da Pedra segundo os parâmetros europeus do fim do século XV, princípio do século XVI, quando os "descobridores" ali chegaram. Quem chegou primeiro ainda hoje se discute. Os vikings, Colombo, mas o que se sabe é que a ilha de Manhatan foi comprada aos índios pelos holandeses que foram os primeiros a estabelecer-se no território a que chamaram Nova Amesterdão. Construíram uma paliçada para se defender dos índios e dos ventos e esta muralha está na origem da rua que hoje se chama Wall Street!
Wall Street


Wall Street
Sim a do dinheiro e dos negócios, da bolsa e da especulação. Os primeiros judeus a chegar a este local foram 23 portugueses expulsos pela Inquisição da cidade brasileira do Recife. Depois os ingleses em 1664 apoderaram-se da zona estratégica e chamaram-lhe Nova Iorque até hoje.
Aqui se situam as empresas de ratting que ditam o destino financeiro de Portugal e do mundo.
O touro feroz leva tudo na frente!
Touro feroz no bairro financeiro
Não precisa de legenda




Neste caldeirão de culturas, só neste pedaço de terra um dos mais densamente povoados do mundo, atrevo-me a dizer com representações de todo o mundo, o que senti foi dificuldade em respirar e em compreender que felicidade fugaz pode satisfazer alguém de uma forma equilibrada. Mas desisti de compreender.
Como disse aqui a atmosfera sopra rápido, o tempo tem uma velocidade diferente, o tempo é dinheiro, dollar...
Mas na Broadway os espetadores quando pagam bilhete, acreditam que o que vão ver é o espetáculo. Musica, canto e dança a um ritmo a combinar com a cidade, cenários que mudam tal e qual como no exterior, sempre rápidos, não há tempos mortos. A cidade nem de noite dorme, como diz a canção.

A Liberdade a atuar
Luzes a sobreporem-se


No Rockefeller Center compra-se tudo num ciclo vicioso de ganho e de consumo.
A 5ª. Avenida é a via apia para onde convergem os que querem ter para ser.
Rockefeller Center
A Central Station, a comemorar o seu centenário quando a visitei em 2013, deve ter sido testemunha de muitos encontros e desencontros, mas continua com o seu charme intemporal, a receber os que passam e os que reparam. 
Central Station

A Catedral de São Patrício, herança irlandesa, pergunta-se todos os dias o que faz ali, só lhe dão importância uma vez no ano.
Catedral de S. Patricio
No meio de Manhattan, o Central Park, o pulmão verde das corridas solitárias cronometradas por smatphones no braço, dos passeios dos cães afortunados, dos viciados em selfies, dos mendigos a observar o último modelo do vestido comprado sem ver o preço e também espaço de vários espetáculos de artistas que precisam de sobreviver.

Finalmente a subida ao Empire State Building dá a dimensão do conjunto, da grandeza e da fragilidade, como no 11 de Setembro.
Pomba da paz a olhar Nova Iorque
Nova Iorque e o rio Hudson


Também há arte no Metropolitan Museum of Art, no Museum of Modern Art e no Guggenhein Museum, mas não tive tempo para admirar o outro lado da cidade. Terei que voltar para sentir Nova Iorque diferente, com roteiro artístico.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

CAPE COD, the way life should be

Cape Cod  é uma baía e uma península no Estado de Massachusetts, nos EUA, com nome de peixe: bacalhau.
Mapa de Cape Cod com as ilhas e a baía
Foi também uma porta de entrada dos puritanos ingleses na América no século XVII. Ficaram incomodados com o fumo do cachimbo dos índios habitantes do lugar e sabe-se lá que mais.
Carton com puritanos escandalizados com o fumo do índio


Hoje é um “resort” público para férias de muitos habitantes da capital do Estado, Boston, e de quem quer sentir a descompressão e entrar dentro da mística do lugar.
Casas, água e vegetação
O extenso areal que bordeia toda a costa da península dá para adotar um estilo de arquitetura que não suporte mais de dois andares. Os que podem “estendem-se” em áreas razoáveis ao longo da costa, saltam da cama para a praia “privativa” em frente de casa.
Areal com casas a olhar o mar
Outros têm a sua segunda casa no aglomerado populacional, mas tem à sua disposição toda a vida noturna na época balnear e um centro comercial a céu aberto, animado e variado.
Banda a tocar na rua principal
A oferta de restaurantes é na sua maioria especializada em “sea food”, especialmente lagosta a preços razoáveis e outros mariscos cozinhados fritos.
Restaurante escolhido para a lagosta com as caixas de pesca 


Anda-se de chinelo, cumprimenta-se os vizinhos da casa ou da praia e sente-se liberdade. É uma sociedade inclusiva de raças, nacionalidades e orientações sexuais, todos são bem vindos e todos devem ser respeitados como são. A praia “sustentável” mesmo na época alta é outra das qualidades de toda a costa. Muitos têm barco para passear e conhecer as várias ilhas que estão perto da península como Marttha’s Vineyard e Nantucket, que são as duas maiores e mais “exclusivas”.
Mas quem deu fama a Cape Cod foi a família Kennedy. Foram imigrantes irlandeses católicos que procuraram sucesso na zona e conseguiram-no de uma forma exponencial. Foram e são ricos, mas adotaram uma forma de ser com tiques europeus. O patriarca Joseph foi embaixador na Inglaterra nos anos 30 antes da II Guerra Mundial, portanto tinham fortuna, hábitos requintados e a descompressão americana. Eram vigiados, copiados e uma fonte de receita para a imprensa. A família tem uma mansão fabulosa em Hyannisport que ocupa uma zona costeira razoável, dava para terem vida própria, serem vistos e se lançarem para o mito que, nos anos 60, iria chegar ao auge com a eleição de JFK para Presidente dos EUA.
Mansão Kennedy em Hyannisport 

Continuou a ir lá levando todo o staff, para reuniões de trabalho na sala de estar decorada com rosas pela mãe Rose. 
Herman Melville também se encontrou com uma baleia, chamou-lhe Mobby Dick e dedicou-lhe um livro.
Marconi aproveitou a solidão para comunicar com os outros à distância e, em 1903 revolucionou para sempre as telecomunicações recebendo na sua estação em Cape Cod o primeiro pedido de socorro do Titanic.
Os portugueses pelo mundo também estão cá de forma expressiva. São patriotas mas com bandeira nacional partilhada com a dos EUA. O galo de Barcelos estava desenhado no alcatrão, foi pisado, olhado, fotografado e levado para o desconhecido para ser conhecido. O pão português tem sempre saída!
Padaria portuguesa em Province town




Galo de Barcelos na estrada












Cape Cod tem cores quentes ao pôr do sol, fonte de inspiração para muitos pintores.
As cores quentes do fim da tarde

Senti o que estava escrito na caneca que trouxe comigo “Cape Cod the way life should be” , Cape Cod a forma como a vida deve ser.